30 de julho de 2010

Peso à nascença diminui

A percentagem de nados-vivos com baixo peso à nascença tem vindo a aumentar e coloca Portugal no top europeu. Se, como alerta a jornalísta do Público, está normalmente «ligada à pobreza (má nutrição materna) e à falta de vigilância pré-natal (hipertensão materna não controlada)», não deixam de ser curiosas e alarmantes as causas apontadas pela alta-comissária da Saúde, Maria do Céu Machado.

Curiosas, porque invoca o peso crescente dos nascimentos na comunidade imigrante (em particular as mulheres africanas e a pretensa pré-disposição destas para a prematuridade em virtude de «razões genéticas») e porque alerta para o facto de a idade média das mães que dão à luz ser cada vez maior. Ora, são causas curiosas porque parecem reflectir algum alheamento de quem produziu essas declarações: não consideram o facto de Portugal ser um país muito menos atractivo para imigrantes do que a maioria dos países da OCDE nem o facto de a comunidade africana representar um quarto dos imigrantes em Portugal, com tendência de descréscimo. Além disso, também não parecem considerar que o retardamento do nascimento faz parte de uma dinâmica social que já não é novidade na Europa e que é própria das sociedades industrializadas e democráticas.

Numa frase, os problemas apontados pela alta-comissária não pertencem exclusivamente a esta bolha e podem até ter repercussões mais graves em outros países onde não se verifica um aumento dos casos de peso inferior a dois pacotes e meio de arroz.

E são, por fim, causas que sugerem alguma preocupação porque são o produto das cosmovisões de uma «alta-comissária» para a saúde.

Talvez fosse útil investigar e talvez se chegasse à conclusão de que o ritmo de vida acelerado (em muitos casos imposto para conservar o emprego) e o alastramento da pobreza têm uma fatia de leão na explicação de mais este triste indicador. E aí sim, poderão entrar os imigrantes (sem preconceitos étnicos), particularmente expostos ao desemprego e à desprotecção laboral.

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