16 de março de 2011

Particular universalismo

Ao arrepio das regras internacionais convencionadas pelos estados, o estado-nação sobrepõe-se ao universalismo. Neste particular, dos direitos humanos. Não é novo verificar que as relações internacionais continuam a ser dominadas pelo emprego da força em detrimento da legalidade, contribuindo para a reafirmação do famoso postulado de Clausewitz. Mas, na Líbia, onde há um mês uma boa parte dos renegados da nação pelo estado se rebelaram contra este, o qual havia sido tomado de assalto e assenhoreado há 42 anos por um psicopata, não é uma relação clássica entre dois estados que está em jogo, apesar de não ser raro constatar a existência de conflitos inter-nacionais entre comunidades-nação dentro de um mesmo estado e asfixiadas por este (bascos, curdos, timorenses, sunitas, etc). Na Líbia, a ideia de democracia exportada pelo Ocidente tomou forma e foi aclamada, conduzindo inclusive o povo pelo desejo da autodeterminação. E é o Ocidente quem larga a mão ao povo e ao próprio regime político de governação que ajudou a parir.
A hipocrisia moralizadora dos países que reclamam a paternidade da democracia e o respeito pelos direitos humanos levou todos esses países, novamente, a ignorar os apelos dos que fizeram as vezes de David nesta guerra desigual em busca do sonho estimulado e propagandeado pelo Ocidente.

A universalidade cabe, afinal, na cova de um dente do estado-nação.

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