Depois da clarificação de ontem do Tribunal Constitucional a mais um devaneio irresponsável dos deputados à AR,
talvez a campanha eleitoral que se avizinha possa começar a preocupar-se enfim
com o essencial. Mas nunca será demais separar algumas águas.
1. À justiça, o que é da justiça,
isto é, é às polícias e aos tribunais que cabe a investigação e condenação dos crimes cometidos por políticos no
decurso das suas funções que hajam sido provados em tribunal (e não na
comunicação social);
2. À democracia, o que é da
democracia, isto é, a responsabilização pela credibilização do sistema aos seus
actores políticos (incluindo a renovação dos seus agentes e elites pelos
partidos políticos) e o livre sufrágio das opções políticas a concurso pelos
eleitores, condição constitucionalmente consagrada; além disso, não é a
multiplicação de candidaturas independentes nas autárquicas um reflexo das
cisões partidárias (por vezes, é certo, com a instrumentalização de novas
plataformas partidárias ou cívicas por alguns ressabiados) mas, também, da
própria mobilização de cidadãos verdadeiramente independentes constituindo um
sinal de consolidação democrática?
3. A César o que é de César, isto
é, o fundamental de qualquer lei de limitação de mandatos não deve resultar
numa caça às bruxas, ad hominem, quando o que está em causa são órgãos
colegiais porque então, a mesma lógica levar-nos-ia a travar o próprio processo
democrático, no limite, com a interdição dos próprios partidos em concorrerem
(por que razão se limitam indivíduos e não partidos ou qualquer outro tipo de
associação política quando estas são, por natureza, constituídas por
indivíduos, porventura muito mais agarrados ao imenso poder das estruturas
partidárias?), levando-nos pelo caminho do agonismo.
Com todo o respeito e admiração
de pessoas que pugnam pela transparência, não é cerceando os princípios
democráticos da participação e igualdade política que se ataca o problema. É
precisamente ao contrário, estimulando a participação democrática sem menorizar
e desvalorizar os eleitores.
Se, ainda assim, for intenção da
Assembleia da República a limitação de todos os mandatos, então que os senhores
deputados se esforcem mais para oferecer leis decentes e coerentes ao país.
1 comentário:
Espero que o Tribunal Constitucional se pronuncie contra o orçamento de estado 2014.
Acho que até este governo ter tomado posse a população portuguesa não tinha tomado consciência da importância da Constituição Portuguesa, dos seus principios.
Urge defender a Constituição, urge defender Portugal soberano.
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