28 de novembro de 2004

em de-talhe

PRIORIDADES...
A capa da edição impressa do jornal Público de hoje é esclarecedora quanto ao XVII Congresso do PCP e à «eleição» no novo líder. A linha editorial deste jornal optou por dar destaque a uma entrevista com Pinto da Costa na Pública, em detrimento do pretenso maior acontecimento político-partidário do fim-de-semana.
Bem vistas as coisas, parece ser bem mais interessante dar a conhecer mais algumas facetas da vida do dirigente desportivo do que de um partido à deriva, encastado nas obsoletas categorias da luta de classes, do proletariado e da opressão do capitalismo.
Não é de estranhar, porque pelo menos, os interesses de um clube de futebol são salvaguardados, enquanto os da sobrevivência do PCP parecem, por todos os meios, cristalizar num eterno futuro sem termo que só uma minoria alienada entende.
Ah, já agora, quem diria que seria Jerónimo de Sousa o eleito entre os eleitos? É com enorme surpresa que o país político acolhe esta novidade. Nunca teria passado pela cabeça dos portugueses, principalmente depois dos primeiros rumores lançados pelo Público.
Entretanto, o Comité Central do PCP foi eleito com os votos contra de 45 delegados enquanto 24 deles se abstiveram (num universo de 1298 delegados ao congresso). Ou seja, pelo menos 45 datchas vão decerto vagar...
Finalmente, no seu primeiro discurso como Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa reafirmou a natureza do seu partido como sendo um «partido de classe» que lutará sempre contra os sucessivos governos que beneficiam um grupo reduzido de indivíduos. Isto muito faz lembrar a URSS, a Sibéria, os funcionários do partido...
De qualquer modo, sendo um «partido de classe», que interesses seriam defendidos pelo PCP se alguma vez fosse partido de governo?

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