4 de dezembro de 2004

em de-talhe

PRÉ-CAMPANHA ELEITORAL
As hostilidades já começaram, PSD e PS deram o mote do que será a campanha... Concerteza a roçar a medicocridade, como de resto nos já habituaram as precedentes. Uma sugestão: que não se delapidem escandalosamente os recursos do Estado como é frequente, ok?
Entretanto o Primeiro-Ministro já perdeu a pose, se alguma vez a teve e mesmo considerando todas aquelas circusntâncias em que colocou um ar sério e responsável. Ontem mesmo, na Póvoa do Varzim, Santana Lopes demonstrava uma vez mais por que razão não foi talhado para a missão que Durão irresponsavelmente lhe ofereceu em bandeja dourada. O sentido de Estado e ponderação são qualidades que devemos facilmente identificar nos governantes. Ao atacar furiosamente o Presidente da República, Santana não só contrariou o que dissera Quarta-Feira à saída de Belém, como o fez enquanto Primeiro-Ministro de um país. Bem sabemos que não é um Primeiro-Ministro eleito pelos portugueses, mas isso não lhe dá o direito.
Mais, a Assembleia da República não foi formalmente dissolvida e ao Presidente da República só é admissível fazê-lo depois de ouvidos os partidos e o Conselho de Estado, como é bem explícito nos artigos 133º e 172º da Constituição da República Portuguesa) . Mais ainda, o Presidente da República só se deve pronunciar, obviamente, após o processo estar concluído.
Importa de facto, saber quais as razões que levaram Sampaio a «desencadear os mecanismos» - audiência com os partidos e Conselho de Estado - que conduzem à dissolução da Assembleia da República, mas a seu tempo serão reveladas e todas as justificações reclamadas por Santana Lopes serão satisfeitas. Quer lhe agradem, quer não.
Se «deu» ou não alguma coisa ao Presidente entre Terça e Quarta-Feira, é irrelevante. Não é irrelevante se devia tê-lo feito antes de Terça-Feira ou depois da aprovação do Orçamento Geral de Estado, se há quatro meses atrás ou esperar por nova trapalhada.
Também é importante esclarecer de quem foi a iniciativa da conferência de imprensa dada pelo Primeiro-Ministro a anunciar a intenção da dissolução da AR: se foi da iniciativa da Presidência ou do governo, ou de ambos.
FInalmente, depois de tudo o que se disse, depois do descrédito junto dos portugueses, Santana Lopes julgará estar a encarnar Cavaco Silva em 1987? Se há coisa de 4 ou 5 anos quis abandonar a política queixando-se de assassinato político, agora é ele quem atenta contra si mesmo, cometendo suicídio político. Em coerência com o que se passou naquela época, também agora devia solicitar uma audiência ao Presidente da República para debater se abandone ou não a política... só neste país.
Para já, é à custa do Presidente da República e dos seus opositores internos que Lopes vai fazendo a sua pré-campanha. O martírio começou e o caminho é já bem conhecido por Lopes.

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