30 de maio de 2005

De regresso




Após mais um relativamente longo período de ausência, estamos de regresso. Eu e este país...
Foi tão eficaz a ausência que só hoje é que tive conhecimento das facadinhas que andam a preparar... Ao que parece, agora é Páscoa todos os dias e por isso, os sacrifícios vão ser incrementados, reforçados e alargados.
Lamentavelmente, não são suficientemente alargados para vermos todos no mesmo barco. Sem sufientemente claros para conseguirmos discernir sobre o que aqui andamos a fazer, em particular de há 3 anos para cá.
O escandaloso é usar o eleitorado de forma mentirosa e falaciosa, na tradicional lógica dos incompetentes e oportunistas: «os fins justificam os meios». Ver programa eleitoral do PS e confrontar com as declarações de Sócrates. E esta jogadinha com Vitor Constâncio e a sua Comissão, delineada há meses, é de uma excepcionalidade delirante, exactamente porque veio dizer aquilo que se sabia há muito e que já tinha acontecido no passado: previsões anuais e anualmente desastrosas e pessimistas para o crescimento económico português. Um bom pretexto.
Afinal de contas temos mais do mesmo, em todos os planos, inclusive no plano político. O modus operandi não muda (apesar da cosmética) nem os intervenientes trazem ar fresco. O lodo pantanoso veio para ficar e criou raízes. Enquanto outros continuam a viver na opulência, esmagando a arraia com sapatos italianos de última moda.
De que se queixa então a classe política, essa elite, quando se sente preocupadamente acossada pelos níveis descomunais de abstenção e pelo fantasma da falta de confiança do eleitorado nos políticos, em face da total descredibilidade?
A fotografia acima dá bem conta de realidades similares, simbolicamente. Trata-se da antiga residência oficial do ditador Nicolae Ceausescu, na qual ele se perdia enquanto o povo morria à fome.
Agora, a pergunta sacramental: andam aqui os trabalhadores por conta de outrém (entre os quais os da administração pública, convém não esquecer) para que os outros os gozem? Com ordenados de 350 euros, vamos agravar ainda mais impostos como o IVA? Vão comer o quê? os seus próprios dejectos?
Talvez um dia também venhamos a ver os nossos exuberantes e magestosos palácios serem transformados em edifícios públicos com muito mais utilidade do que albergar oportunistas alheados da vida real e gente sem respeito pelo que significa o voto e a democracia, apesar de o apregoarem diariamente às quatro partidas do mundo. Convém não esquecer que um dos primeiros valores da democracia é precisamente a sinceridade.


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