Após um Conselho Europeu onde se discutia o futuro orçamento comunitário (previsivelmente ferido de morte logo à partida), são dignas de registo, en passant, duas ou três notas.
Em primeiro lugar, a ganância impera sobre qualquer sentimento de solidariedade ou mesmo de Europa. Isso mesmo foi demonstrado pelos 5 países que rejeitaram o acordo proposto pela Presidência Europeia. Destes, em particular a Inglaterra, mostrou claramente daquilo que é feito o ser «britânico», idiossincracia de um povo que em nada mudou nos últimos séculos. Afinal, a parte mais conservadora dos Estados Unidos da América tinha que ser originária de alguma parte do mundo...
Em segundo lugar, o enorme exemplo de compromisso, justiça e construção europeia, protagonizado pelos 10 novos membros, ao prescindirem de uma parte dos fundos a que têm legitimamente direito, como forma de salvar o acordo. Estes países colocaram acima das suas verdadeiras necessidades financeiras, a boa convivência europeia e a saúde desta união. Fizeram como é suposto ser feito. Inclino-me perante tamanha demonstração de seriedade.
Por fim, apesar de não terem sido os portugueses os directos causadores deste fracasso, é lamentável o facto de os nossos políticos continuarem a debater os fundos, assim como continuarem receosos porque o acordo rejeitado seria um bom acordo para nós, uma vez que se perdiam somente 15% dos fundos europeus. Só é lamentável porque enquanto nos continuamos a preocupar com o nosso quintal, os novos membros preocuparam-se com a vitalidade da União Europeia. E como nós sabemos os benefícios que poderiam causar nesses países, fundos como os que nós recebemos e eles não receberão.
Ainda assim, esses países demonstraram cabalmente como foram grandes, incomensuravelmente grandes quando comparados com países como Portugal, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Espanha, França, etc.
E é por isso mesmo que, mesmo beneficiando de um terço do que nós beneficiámos, dentro de poucos anos esses países estarão no topo. É da natureza deles...
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