7 de julho de 2005

Está seguro?!

O argumento de Londres ser para o Comité Olímpico Internacional (COI), uma cidade que oferece melhores condições de segurança do que Paris, Moscovo, Nova York e Madrid, caiu 24 horas depois por terra.

Nem o COI nem os serviços de inteligência mundiais parecem ter compreendido que este novo terrorismo (tão bárbaro e hediondo como os demais) não é necessariamente ecléctico. Não que isto signifique que organizações como a Al-Qaeda prescindam de todo o impacto simbólico num atentado, como o demonstrou o ataque às torres gémeas. Hoje, podia ter sido London Bridge, Buckingam Palace ou Piccadilly Circus. Não, foi apenas um sitio onde havia gente, à semelhança do que ocorreu em Madrid.

Ao contrário de organizações terroristas como a ETA ou o IRA, este tipo de organizações consideram o cidadão comum como pecador, por isso não enjeitam qualquer oportunidade de massacrar civis, sejam homens, mulheres e crianças. Não há, para organizações como as Brigadas de Al Aqsa ou a Al-Qaeda, alvos específicos a abater porquanto todos são inimigos. Não há inocentes. Não há preocupação em seleccionar alvos: o ocidente é o alvo.

Simplesmente, não é possível controlar. Espanta apenas a relativamente baixa ocorrência de atentados. Na verdade, quem quiser planear um em Portugal, tem todas as portas abertas exactamente porque não há controlo sobre o fabrico e comercialização de explosivos. É mais simples do que roubar um doce a uma criança. É mesmo! Porque a criança berra enquanto os interesses [e negligência], calam...

E por não terem ainda compreendido a real extensão do que têm pela frente, os donos do mundo estão convencidos que basta uma política de segurança que passa pela vigilância e pela repressão, que consiste em suster o conflito nos países de origem (vide Iraque, Afeganistão). É obvio que perante um invasor opressivo (por definição) não se conquista a confiança e a amizade de um povo, que pode ser a chave para a solução desta escalada de violência. Nós não descansámos enquanto não escorraçámos os espanhóis, da mesma forma que o fizeram os americanos relativamente aos ingleses.
Por outro lado, a democracia não se institui. Vai se instituindo… Tem que ser sentida, valorizada pelas gentes, interiorizados os seus princípios e valores.

Um outro mundo é realmente possível, mais solidário e mais justo. E a melhor arma contra esta ameaça é justamente o combate do flagelo da fome e da pobreza, sem que isso signifique a tradicional lógica utilitarista com vista à mera obtenção encapotada de divisas.

Enquanto continuarmos a regar com a água do vizinho, sem que com ele partilhemos alguns dos frutos, naturalmente que ele só não nos passa a perna se não puder… Mas isto não é novidade para ninguém.

Sem comentários: