O Aníbal é um vendedor de carretos de pesca bem sucedido, aufere um gordo vencimento e ama o seu trabalho. Bem, amar, amar, talvez não. Mas é como ele diz, «dá para as despesas»…
Comprou recentemente um excelente andar na margem sul, com uma área de 170 m². Como na sua área de trabalho nada pode ser deixado ao acaso, é extremamente rigoroso com a sua imagem. Por isso, acorda habitualmente às 6h00 para tomar banho, fazer a barba, escolher um fato, tomar o pequeno-almoço numa intensa azáfama matinal que fica completa com os cuidados especiais que requerem os pequenitos de 2 e 6 anos.
Antes de sair no seu Audi A4 para o escritório em Lisboa, ainda tem tempo para deixar o Gonçalo, de 2 anos, na creche, quando são 7h15 da manhã. Uma vez que o escritório abre às 9h00, resta-lhe aproximadamente 1h30 para se fazer à estrada, cruzar o rio Tejo de comboio e tomar a carreira urbana que o despeja a pouco mais de 300 metros do trabalho. São 8h45 quando entra na pastelaria do Sr. Possidónio para tomar um café e ler as gordas do Record.
Habitualmente, Aníbal passa o período da manhã no escritório, consignando a tarde para a visita a clientes. Por vezes torna-se aborrecido porque se há clientes dentro de Lisboa, outros há que implicam uma demorada deslocação a Belas, à Linha do Estoril e até mesmo no Barreiro ou Alverca. Entre intermináveis filas, monóxido de carbono, gente impaciente e por vezes um ou outro sopapo no meio da estrada.
O almoço [normalmente na pastelaria do Sr. Possidónio] costuma ser engolido, pois os clientes não esperam e apesar do longo relacionamento, o Sr. Possidónio não gosta de ver ninguém sentado no mesmo sítio durante mais de 20 minutos; «ao fim e ao cabo», se ele é pontual com os almoços, porque não hão-de os clientes ser pontuais com o seu apetite?
Por volta das 19h30 põe-se a caminho de casa, chegando ao lar às 21h00. Janta, põe a escrita em dia, distrai os pequenos com um filme da Disney ou com a playstation e por vezes, consegue ler dois capítulos do Paulo Coelho enquanto concilia com a esposa uma possível troca de carro. O dia seguinte não será muito diferente.
Mas é assim, já está habituado e as merecidas férias anuais numa estância exótica servem para recarregar baterias. Os fins-de-semana significam um descanso merecido, desde que as crianças não aborreçam com brincadeiras ruidosas e que exijam uma atenção permanente. E a ida semanal ao cinema no Colombo, essa, ninguém lha tira, até porque a esposa gosta sempre de se dar uns «miminhos» na Elena Miró ou na Giles Joalheiros, «coisas de gajas»...
Aníbal é um duro!
PS: Mas um dia, ele vai conseguir passar a sua hora de almoço numa piscina só para ele, na maior das calmas, como alguns ricaços deste país. Sem atropelos, berros ou correrias.
Comprou recentemente um excelente andar na margem sul, com uma área de 170 m². Como na sua área de trabalho nada pode ser deixado ao acaso, é extremamente rigoroso com a sua imagem. Por isso, acorda habitualmente às 6h00 para tomar banho, fazer a barba, escolher um fato, tomar o pequeno-almoço numa intensa azáfama matinal que fica completa com os cuidados especiais que requerem os pequenitos de 2 e 6 anos.
Antes de sair no seu Audi A4 para o escritório em Lisboa, ainda tem tempo para deixar o Gonçalo, de 2 anos, na creche, quando são 7h15 da manhã. Uma vez que o escritório abre às 9h00, resta-lhe aproximadamente 1h30 para se fazer à estrada, cruzar o rio Tejo de comboio e tomar a carreira urbana que o despeja a pouco mais de 300 metros do trabalho. São 8h45 quando entra na pastelaria do Sr. Possidónio para tomar um café e ler as gordas do Record.
Habitualmente, Aníbal passa o período da manhã no escritório, consignando a tarde para a visita a clientes. Por vezes torna-se aborrecido porque se há clientes dentro de Lisboa, outros há que implicam uma demorada deslocação a Belas, à Linha do Estoril e até mesmo no Barreiro ou Alverca. Entre intermináveis filas, monóxido de carbono, gente impaciente e por vezes um ou outro sopapo no meio da estrada.
O almoço [normalmente na pastelaria do Sr. Possidónio] costuma ser engolido, pois os clientes não esperam e apesar do longo relacionamento, o Sr. Possidónio não gosta de ver ninguém sentado no mesmo sítio durante mais de 20 minutos; «ao fim e ao cabo», se ele é pontual com os almoços, porque não hão-de os clientes ser pontuais com o seu apetite?
Por volta das 19h30 põe-se a caminho de casa, chegando ao lar às 21h00. Janta, põe a escrita em dia, distrai os pequenos com um filme da Disney ou com a playstation e por vezes, consegue ler dois capítulos do Paulo Coelho enquanto concilia com a esposa uma possível troca de carro. O dia seguinte não será muito diferente.
Mas é assim, já está habituado e as merecidas férias anuais numa estância exótica servem para recarregar baterias. Os fins-de-semana significam um descanso merecido, desde que as crianças não aborreçam com brincadeiras ruidosas e que exijam uma atenção permanente. E a ida semanal ao cinema no Colombo, essa, ninguém lha tira, até porque a esposa gosta sempre de se dar uns «miminhos» na Elena Miró ou na Giles Joalheiros, «coisas de gajas»...
Aníbal é um duro!
PS: Mas um dia, ele vai conseguir passar a sua hora de almoço numa piscina só para ele, na maior das calmas, como alguns ricaços deste país. Sem atropelos, berros ou correrias.
Asseguro-vos que há gente assim…
Bom fim-de-semana, ó Anibal!!!
Bom fim-de-semana, ó Anibal!!!
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