20 de junho de 2006

A Segurança do Fio da Navalha

Há o preto e há o branco. O feminino e o masculino, o seco e o molhado. Há Ying e há Yang. Há na natureza e fora dela. Há a busca do equilíbrio e da harmonia, princípios basilares da cultura, inicialmente refreadora dos instintos naturais. Agora, convertida em mecanismo repressivo desses instintos. Duas forças, uma branca e outra preta, partes contrárias de um elemento bidimensional, inter-conectadas entre si por canais de comunicação biunívocos. Há paz, há harmonia, há moderação, segurança, há receio, inacção. Deixa de haver incerteza perante um mundo permanentemente hostil, risco que não o gerado por artefactos e tecnologia. O terceiro elemento, de cariz cultural vem subverter unidimensionalmente a fluidez natural das coisas naturais, remetendo-as à racionalidade instrumental (ainda antes de ser descoberta) e à heteronomia do paradigma dominante. O preto é patológico. O branco, também. Se é bom ou talvez mau? Perguntai aos deuses… e à sua cruel obsessão com o padrão. Eu cá, nem sei se não sei!

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