11 de julho de 2006

Como Um Bom Pai

Quais guerreiros destacados nas escaramuças no Norte de África ou enviados para libertar a terra santa do jugo dos infiéis, os jogadores de futebol da selecção nacional andaram por terras germânicas a promover o bom nome de Portugal e a defender a honra da pátria. Morte ou glória berravam uns, suor e lágrimas expeliam outros. Sem nunca renunciar à luta nem a trautear o hino de Portugal. Coisa pouca? Não, nos tempos que correm.

Foram dias de luta, muito sofrimento e banhos turcos. Comida sem sal nem aqueles molhos suculentos, desafiadores da boca menos salivante. Enfim, tempos árduos, tempos de apertar o cinto. De fazer sacrifícios em nome de Portugal, esse deus pátrio a quem fora outorgado por direito divino, pelo menos, o campeonato do mundo.

São seguramente estas e outras razões ainda mais elevadas que Gilberto Madail levará aos nossos governantes, procurando isentar os nossos valorosos atletas do imposto sobre os rendimentos singulares a taxar sobre uns míseros 50 000 euros pagos a cada um dos jogadores. É comovente esta atitude, só comparável à de um bom e amigo pai.

Para além dessa linha de argumentação poderá estar em causa o desrespeito intolerável pelo nº5 do artigo 13º do Código do IRS, o qual é taxativo e incontornável ao referir que o IRS "não incide sobre os prémios atribuídos aos praticantes de alta competição, bem como aos respectivos treinadores, por classificações relevantes obtidas em provas desportivas de elevado prestígio e nível competitivo".

Ora, seria um ultraje para os cândidos e abnegados guerreiros se esta cláusula não fosse incondicionalmente respeitada. Seria uma vergonha para o país inteiro se tal cláusula não fosse imediatamente revogada. Taqueospariu….

Digam lá isso a todos os que andam a trabalhar neste degenerado país, sem condições mínimas de segurança nem de sobrevivência, cujo trabalho, esse sim, dignifica diariamente o bom nome e a honra deste pequenino tugúrio.


1 comentário:

Anónimo disse...

Pois eu acho que os nosso heróis deveriam ser isentos de IRS.
Vendo bem não fomos nós que lhes construímos 10 templos (agora estão vazios, mas não interessa)?
Não fomos nós que acreditámos que o investimento no Futebol iria criar riqueza (veja-se não só o preço das catedrais, mas o da sua manutenção, bem como o que as Câmaras pagam aos clubes para jogarem nesses estádios , perdão, catedrais, com o princípio de que "se querem o palhaço, paguem.no!)?
Então se eles são deuses, ( e fomos nós que os levámos ao Olimpo)nós temos que lhe fazer as oferendas e, vá lá, não exigirem outro tipo de sacrifícios!
Proporia mesmo a construção de mais dez templos (5 em Lx, 4 no Porto e um talvez ao lado do Estádio do Algarve).
Falando a sério, NÓS É QUE CRIAMOS O MONSTRO!
A culpa não é dos jogadores, mas sim nossa que acreditámos que eles eram deuses e que, como tal os tratámos.
Parabéns pelo seu artigo