27 de julho de 2006

à tout propos (219)

O mundo também podia ir de férias, devia ser da lei. Ao menos poupava-nos as imagens degradantes de gente a definhar por motivos quase inexplicáveis. Há terrorismo de Estado! Esse terror é desencadeado pela desproporção de meios aplicada pelos israelitas, bem como pelo desespero das massas aproveitado por líderes religiosos muçulmanos, em questões onde a legitimidade da reivindicação não deixa de ser legítima apenas na sua essência.
O Irão mortinho por fazer o jogo dos americanos, com a China por detrás a refrear os ânimos... De qualquer modo, este imperialismo [porque de facto é disso que se trata a imposição ou «sugestão» de modelos de comportamento e de gestão política por parte do mundo ocidental], de tão hipócrita que é, acaba por roçar o absurdo, apenas e só porque não faz o mínimo esforço de ser disfarçado. É inequívoco e faz parte dum longo processo de padronização da aceitação gradual de imposições implícitas.
O mais curioso de tudo é que se não fosse um modelo, era outro. Ou seja, nas relações internacionais, pese embora o lirismo dos idealistas, vigora a lei do mais forte. Sobretudo quando o verniz estala. E essa força ou coacção sente-se ao nível da persuasão como da imposição bélica. As relações internacionais caracterizam-se portanto por uma acção pragmática que se justifica pelos fins a atingir. Sejam eles mais ou menos explícitos. Uma acção dominada pela razão instrumental. E este princípio de sobrevivência social é válido para as outras culturas, sejam elas mais ou menos pacifistas. Não há quem não ame o poder, quem não ambicione promover o mundo à sua própria imagem ou das suas convicções.
Se os motivos são religiosos ou culturais, pouco importa. O que importa é a prevalência da vontade de uns sobre a vontade dos outros, seja em Israel, no Líbano ou na Conchinchina.
Vou regressar às férias...

2 comentários:

Anónimo disse...

As relações internacionais são o mais puro cocktail de Darwin e Maquievel, com travo a Coca-Cola...

Anónimo disse...

...Talvez seja apenas um Verão demasiado quente...