18 de julho de 2006

Um Estado de Esquizofrenia

De um modo geral e salvaguardando as iniquidades e pruridos resultantes de toda e qualquer generalização de grupos profissionais a partir de características potencialmente estigmatizantes, ainda assim, encontradas em bastantes especímenes da variadíssima fauna, em Évora – como no resto da comarca que dá aconchego à chusma lusa – verifica-se um medonho equívoco: grassa por esse país fora, uma crise de identidade sem precedentes na história, principal ingrediente da dieta alimentar do português.

Os políticos pensam que são debutantes mimadas filhas de patos bravos, a quem se desculpam as birras e inconsequências, os médicos pensam que têm uma prega a mais no cú do que os outros, os juízes pensam que são xerifes, os jornalistas pensam que são pastores baptistas, os militares pensam que são o Rambo, os intelectuais pensam que são políticos, os empresários pensam que são o fisco, os professores pensam que são condes, os polícias pensam que são guardadores de porcos, os construtores não pensam nada, os académicos pensam que pensam, os artistas pensam que são intelectuais e os portugueses pensam que o governo é pai do Estado. Ah, e os banqueiros pensam que são a Madre Teresa de Calcutá.

Neste quadro, quem pensarão que são os psicólogos, a derradeira hipótese de salvação nacional?

9 comentários:

Anónimo disse...

Os psicólogos pensam que precisam de uma entidade divina da psicologia para tratar deles próprios.

Felicitações e cumprimentos filosóficos

Claire-Françoise Fressynet disse...

Oi,esta tua maneira de expor o assunto diverte-me.Os personagens ficam todos tão bem encaixados. oh pa,fico a rir de coisas graves.
olha ta ai 1 bj.

Anónimo disse...

E os sociólogos?

ARV disse...

A ética profissional bem como o cumprimento integral do Código Deontológico obriga-me a tratar com a maior elevação essa casta de homens novos, superiores moral e intelectualmente. Esses, estão acima de qualquer suspeita. Esses e o Alberto João, claro.

Anónimo disse...

Temos, portanto, o bicho da madeira e as formigas obreiras a caminhar, de mão dada, sobre a nata da sociedade... Será que se afundam ou será que se lambuzam?

Anónimo disse...

Caríssimo anónimo das 10:38h: a minha formação base aproxima-me inevitavelmente dos sociólogos, até porque conheço muitos deles. Assim, posso dizer-lhe que penso que os mesmos afundam-se onde têem que se afundar e lambuzam-se quando se querem lambuzar. O racional e o empírico misturam-se numa essência inigualável na crescente busca do sentido existencial bem controlado por instrumentos teórico-práticos que somente os referidos têem a perícia de bem manejar.
Bom, de qualquer forma, estes bem-ditos senhores constituem uma minoria dentro da categoria profissional.
Estes e o Alberto João. Por mais que quisesse, o Alberto não conseguiria afundar-se. Esqueceu-se da forma como isso se faz. Nem na praia, nem na banheira. o drama do náufrago não faz parte do seu imaginário individual e colectivo.

Na boa, cumprimentos filosóficos

Anónimo disse...

estarei a notar algum sindroma de cumplicidade não assumida e repudiada?

Anónimo disse...

Não assumida? Nada disso! Completamente assumida. Tal como a minha e a sua identidade.
Essas sim, repudiadas no seio da blogoesfera. Nem sei porquê, uma vez que um dos maiores sentidos do bloguismo é precisamente a possibilidade de anonimato.

Vê, eu sou mesmo um vendido!

Anónimo disse...

Viva a formação propfissional e os seus formadores.