4 de outubro de 2006

à tout propos (236)

Em Dezembro de 1968, aquando de uma escala na casa de Amália e em trânsito para Roma, Vinicius de Morais dizia ter do povo português uma imagem simultaneamente bela e triste, exortando-o por fim a se «desengravatar». 38 anos volvidos, o que diria o brasileiro se ainda fosse vivo?

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma coisa parecida...

Exortando-nos a fim de nos descamizarmos.

Já desatámos algumas gravatas, não?

Vinicius enfatiza nos conteúdos das suas canções tudo aquilo que deveríamos ser e que somos, em potência.
Descreve apaixonadamente o crescimento interior como o resultado de um profundo e natural processo de consciencialização do eu e do Mundo.

Ele sabe brincar com as coisas séries da vida levando-nos a pensar nelas sem dramas, com um imenso sorriso interior, alicerce da inabalável força do Homem, reflexo de consciência, de lucidez, de amor...
O sofrimento não é renegado mas absolutamente partilhado por laços de efectiva proximidade entre as pessoas.
Não existem fórmulas na existência espelhada nas suas canções e nas suas melodias. Existe uma profunda harmonia entre o que acontece e o que fazemos perante os acontecimentos. O lógico.
O seu sentido de humor é apaixonante de tão simples e certeiro, óbvio e pertinente.
Intemporal.

O Povo português brinca pouco, ri-se pouco, dança menos ainda e talvez não oiça muito Vinicius.

Se por um lado a nossa apatia generalizada, a tolerância, a acomodação, o asseio, a correcta postura, a veneração irracional, o pudor, a modéstia e outras sossegadas características são fascinantes, atraentes e belas, por outro lado são absolutamente castrantes e entediantes, quando permanecem tempo demais dentro de nós.
Não convidam à acção, ao raciocínio, à mudança, à razão de existir, à “joix de vivre”.

Fixe teres falado no “Vini”. Um poeta, um cómico, um HOMEM, um GÉNIO!

Bêjos e abraços e porradas nos cachaços!

Nana