30 de novembro de 2006

Yankees, Go Home?!...

Em plena escalada de violência no Iraque, após a total irresponsabilidade evidenciada na quebra dos equilíbrios regionais, étnicos e religiosos do Médio Oriente (em particular no Iraque), eis que irrompe o estulto representante máximo do povo americano, com as habituais, prosaicas e inconsequentes declarações em formato de messiânica promessa.

Os soldados americanos não sairão do Iraque enquanto a sua missão não estiver cumprida.

Esta afirmação gera inumeráveis dúvidas e controvérsias sobre em que consistirá a nebulosa missão. E sobre o alcance semântico da coisa, evidentemente.

Perante um cenário de guerrilha facilmente degenerativa em guerra civil alargada de base religiosa e étnica, o conceito «missão» deveria remeter imediatamente para a ideia de responsabilização perante os crimes contra a humanidade (apesar dos EUA não serem signatários do Tribunal Penal Internacional). Esse seria o posicionamento óbvio de um Estado, na sequência de uma intervenção ilegítima juridicamente, imoral e forjada de forma inaceitável.

A defesa da democracia e da liberdade tem que respeitar antes de mais, o amor pelos princípios e valores que lhe estão na origem. Mas também se sabe que não é isso que move esses «zorros», pretensos libertadores dos oprimidos do mundo.

Contudo, também é sabido que a actual «linha» estratégica está esgotada e dificilmente a próxima Administração norte-americana terá condições para satisfazer as promessas da actual. Os soldados americanos não têm condições para permanecer no Iraque por várias razões: a fraca identificação democrática do povo iraquiano, o desequilíbrio geo-estratégico, as baixas militares, as baixas civis, o espectro da guerra civil e o gradual investimento mundial em energias alternativas ao petróleo.

Será inconcebível se for aceite a proposta iraniana de assumir a «despesa» porque irá necessariamente sobrevalorizar a maioria xiita, com todas as implicações político-religiosas que isso implicaria a prazo para toda a região e em primeiro lugar para Israel e aliados.
O que assusta verdadeiramente é que, do ponto de vista da estabilização imediata, a proposta iraniana é a única viável.

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