19 de maio de 2007

Um floco de neve no Verão (iii)

...e fumaram. Esse e outro cigarro. E mais outro. E outro ainda. Fumaram até os dedos grossos e inchados revolverem o fundo do maço e rasparem em nada. Nada que uma leve brisa de fim de tarde não consolasse e fizesse esquecer o vício. Aqueles fins de tarde eram deliciosos e as valas pareciam abrir-se sem esforço. E já sem cigarros para partilhar. Mas as picaretas continuavam a rasgar o chão e após alguns anos, o monte já lá não estava. Apenas um manto de flocos de neve e a escuridão da noite. E o homem virou a cara ao filho e disse: - vai sem mim rapaz, que se faz noite. Não discutas, vai e não voltes, a não ser com o teu filho, um dia, quando vires flocos de neve neste chão áspero. O rapaz foi.

4 comentários:

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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Anónimo disse...

Arv

Nem belo, nem amarelo.....

Apareceste um dia, vindo sei lá de onde, e eu fiquei feliz.
Obrigado pelas palavras que nos ofereces e que em outro sítio não encontramos quando mais delas precisamos.
Era bom que todos tivéssemos um amigo como tu, por isso, a ti, só um conhecido e não amigo,já roubei sem tu saberes um bocadinho da tua amizade.
Lá do alto ou aqui onde estou serás sempre alguém muito especial,alguém que chegou para ensinar, para mudar, para fazer dos outros pessoas maiores e melhores.Por tudo isso, obrigado por seres e estares.E se algum dia decidires arrumar a tralha e sair para outras paragens, de ti ficará muito e o que sobra será quase nada. Por isso,e quando for a minha vez de sair, desejo voltar para de menina te conhecer. E para que as minhas palavras não te enganem, dedico-te admiração.
Tenho um mundo meu, no qual vivo apaixonada pelo grande amor que conquistei e a quem escrevo todos os dias. O meu amor não escreve para mim mas todos os dias me ama e as palavras que lhe dedico e que animam e engrandeçem a minha vida, vêm daqui, dali e de mais sítio nenhum.
Vou já, mas não sem antes me desculpar pela balbúrdia de palavras e frases soltas. Ainda não me ensinaste tudo, por isso não vás já porque não sou a única a precisar de aprender contigo.
E quando um dia eu souber escrever, serei mais feliz e mais forte, como tu...

Anónimo disse...

…passados anos um filho, que já fora pai, voltou. Desta vez para tapar uma vala. Puxou da enxada e fez cair a terra sobre o fundo da vala. Entre o fundo e o que impedia a terra de lhe tocar, encontrava-se uma exígua caixa de madeira, recém depositada. O segundo homem observava de novo. Desta feita estava perto. Não pronunciou uma palavra, apenas observou. Sentiu aquela terra húmida e pesada cair em cima da caixa, e a enxada empunhada pelo homem, e aquela lâmina gasta a raspar na terra. Não pôde deixar de imaginar o que seria sentir aquela zoada dentro da caixa… e os flocos? Pensaram ambos. Durante o inevitável cigarro que se seguiu, conversaram. Das valas, das valas em que já viram caixas, depositadas, e que dentro das caixas iam outros Homens e outras Mulheres, e que por isso não estavam ali. Falaram ainda de valas com caixas que se avizinham. E dos Homens e das Mulheres que vestirão essas caixas. E das enxadas, e dos ruídos, e dos homens que hão-de vir. E de nada no fim. Ficou apenas o olhar para longe... trás e frente.