24 de agosto de 2007

à tout propos (277)

No seguimento do post de ontem e porque hoje é o meu aniversário, ganhei o direito a dizer mais qualquer coisinha. Até há bem pouco tempo, vigorava uma aproximação de Estado-Providência, inspirado nos modelos escandinavos, embora adaptado à sacola do bando de monarcas que nos governam há séculos. Portanto, um Estado-Providência escandinavo, no pagamento de impostos; siciliano, na igualdade de acesso; americano, nos benefícios retirados; e, angolano, na corrupção. Perante o que temos visto, daqui para a frente é perfeitamente admissível que o nosso modelo passe a inspirar-se também na sub-cultura texana.

E entretanto, o manso povo sempre se tem mostrado solidário para pagar os desleixos, caprichos, mordomias e luxúrias das classes dirigentes, independentemente das ideologias mais libertadoras, igualitárias ou fraternas que publicamente defendam; esses que, alinhados na suprema defesa dos interesses dos respectivos partidos, lhe negam a liberdade e autonomia. Ao verdadeiro povo que desconhecem e não o povo romanticamente criado por burgueses de toda a espécie e pseuso-ideologias.
PS: outra coisinha. Ao rejeitar as conclusões do Tribunal Administrativo sobre o estabelecimento pelo governo, de serviços mínimos em época de exames, a FENPROF vem a público dar mostras de alguma boçalidade, revelando que se está perfeitamente a cagar para os alunos. Seria exactamente o mesmo que o pessoal da saúde abandonasse o serviço de urgência de um hospital, apenas para reivindicar os seus superiores interesses. Há muitas formas de luta que foram descobertas entretanto, mais sensatas e mais eficazes...

4 comentários:

Anónimo disse...

Muitos parabens Alex.

Bandido Original

Anónimo disse...

Por acaso o sr. conhece a lei que regula os serviços mínimos?

Sabe o que são "necessidades sociais impreteríveis"?

Considera que um exame escolar é uma "necessidade social impreterível"?

É evidente que uma greve causa transtornos. Mas quanto à execução de examens não consigo entender que se considere uma necessidade social impreterível. Se falarmos em relação à saúde, aos transportes, entre outros estsremos de acordo. Agora quanto à realização de exames??? Se não se fizerem naquele dia fazem-se no dia seguinte. O mesmo já não pode dizer do doente que se desloca às urgências, ou do transporte que utiliza para ir trabalhar.

Só revela a prepotência deste governo que, contra os que lhe fazem frente, tentam, através da intimidação, ofuscá-los. Isto é próprio de um regime ditatorial, prepotente, em que duas pessoas a conversar já era uma manifestação.

Mas Sócrates mais cedo ou mais tarde vai sofrer as consequências da sua postura arrogante.

Está devidamente provado que qualquer maioria absoluta torna-se numa maioria arrogante e desprezível.

Max

ARV disse...

Infelizmente, os exames nacionais e o sistema de avaliação em Portugal - que foi criado por políticos e técnicos - não se coaduna com «reparos de dia seguinte». No limite dos limites, pelo menos para os alunos que estudaram arduamente e têm expectativas naturalmente altas. Nesse sentido, sim, considero um exame nacional, uma "necessidade social impreterível". Os alunos não têm a obrigação de ficar reféns dos jogos de interesses a que são completamente alheios. O argumento relativo ao "transporte que utiliza para ir trabalhar" é igualmente válido nesta questão. Para além disso, como se sabe, não é possível marcar exames para o dia seguinte porque tais marcações obedecem a regras formais, logísticas e democráticas, como é óbvio.

Seria bem mais sensato que o nível de competências oferecido pelas universidades reflectisse maior rigor e exigência... Seria ainda mais sensato se os sindicatos engendrassem/conhecessem formas de luta alternativas e até mais eficazes para reivindicar em alguns temas para os quais não lhes falta legitimidade.

É escusado o argumento da arrogância porque nessa matéria, governo e «professorites», têm a tendência a equivaler-se; uns pelas acções presentes, outros, por muitos e longos anos no passado. Esta afirmação é extensível - grosso modo - a outras classe profissionais e a outros sectores profissionais (nestes, incluo o meu próprio sector profissional).
Saudações cordiais

Anónimo disse...

Ah, foi dia 24 de Agosto?

Então parabéns atrasados!

:-)