9 de outubro de 2007

Aragens e resfriados na saúde portuguesa

O insigne bastonário da Ordem dos Médicos torceu o nariz à declaração «insensata» (no dizer do Doutor Agostinho Lopes), pronunciada pelo não menos excelso ministro da Saúde. Esta pessoa afiançou a pretensão do governo de aumentar em 30% o número de vagas de medicina, contando com isso solucionar os problemas da saúde, da educação e da justiça, de uma só assentada. O Sr. ministro não as mede nem tem metas, isso é claro. Por seu turno, o Sr. Bastonário mostrou-se inquietado com o desemprego que tantos dos seus pares poderão vir a enfrentar, dado o desinvestimento público no Serviço Nacional de Saúde.

Enquanto isso, numa terra longínqua e distante do módico mundo destas criaturas, sucedem-se as «vagas carenciadas» a médicos estrangeiros e os «turbo-médicos». Tudo isto, num quadro em que se sucede, por sua vez, a abertura frenética de novos estabelecimentos privados de saúde. Em que ficamos, nós, os que cevamos generosamente a coisa?

Finalmente, sendo dois respeitáveis defensores do liberalismo económico, certamente não encontrarão inconveniente num certo desempregozinho estrutural, nessa aragem social transformada em precariedade laboral que gera um acréscimo de qualidade pela competitividade e engrossa os cabelos no peito.

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