3 de dezembro de 2007

Democratas e democracias

O homem que hoje reconheceu sem pruridos a derrota, louvando a maturidade democrática demonstrada pela sociedade venezuelana, é o mesmo que extingue focos de oposição política com métodos fascistas e que se preparava para fazer aprovar uma reforma constitucional em que ele, a sua pessoa, seria elevada à estatura monárquica de um regime absolutista.

A Venezuela encontra-se assim na dilacerante fronteira entre a democracia de Chavez e a tirania de Chavez, cujo limbo assenta num tremendo equívoco conceptual e na consequente crise de identidade do presidente venezuelano: a democracia pode ser definida muito prosaicamente como uma forma de governo do povo, enquanto entidade abstracta e universal. Mas Hugo Chavez não é o povo, não é abstracto e, muito menos, universal.

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