20 de março de 2008

O relativismo das coisas


Há coisas que normalmente não estão acessíveis ao vulgo, é sabido. Coisas que passam ao largo do entendimento desta cambada de tolos e inúteis que somos aos olhos dos governantes e dos políticos, de um modo geral. Porém, perante as evidências daquilo que nos é dado observar, aos energúmenos que somos, é de estranhar a ambivalência da defesa dos direitos dos pequenos e dos grandes, em simultâneo.

O Tibete é parte integrante da China e, perante essa convicção, Jerónimo de Sousa não abdica do respeito pelo direito internacional. Contudo, essa convicção fica longe de o ser e até se inverte quando se trata de Timor Leste, da Palestina, das possessões americanas, inglesas e francesas no Índico e Pacífico, do Curdistão, etc. Nesses e noutros casos, o direito internacional está obviamente mal e toca a relativizar. Como sempre aconselhou a boa escola soviética.

Mas no essencial, a interpretação da recente violência no Tibete feita por Jerónimo de Sousa é certíssima. Há naturalmente o objectivo de comprometer os jogos olímpicos.

Lembro-me de possuir um pequeno livro da Disney [poluição americana, naturalmente] em criança, sobre os jogos olímpicos e o espírito olímpico. Lia-o com satisfação porque o desporto, o respeito pelo outro, a sinceridade e a nobreza de competir com lealdade eram assuntos que, na época, me interessavam muito. Vá-se lá saber porquê. Para mim representavam modelos de comportamento e valores a seguir. E, não sendo cristão, nas duas décadas de desporto federado, nunca um árbitro me mandou para a rua. Por essa ordem de ideias, os jogos olímpicos significavam uma espécie de grande apaziguador do mundo, nos quais, só os dignos teriam lugar. Os que não fossem, que trabalhassem para isso. Infelizmente, a competição foi sempre e repetidamente subvertida por motivos políticos, económicos e pessoais.

Ora, de regresso ao assunto, será que Jerónimo de Sousa já reflectiu sobre a razão de haverem multidões de indivíduos que querem comprometer a realização dos jogos olímpicos de Pequim? Será que o modelo chinês se inscreve nos princípios idealizados por Coubertin? Será que alguma vez concordaria, ele próprio e o seu PCP, com a realização de jogos olímpicos em pleno salazarismo?

Não, não… temos que relativizar a coisa…

2 comentários:

NV disse...

A questão é que se esta situação não se resolver agora, em que a China poderia ter uma maior pressão internacional, não sei quando os Tibetanos terão outra oportunidade para dar visibilidade à sua luta.
É didícil perceber, porque não se condene a China, pelo menos os atletas deviam boicotar os jogos.

Anónimo disse...

desrelativizar (não é o mesmo que absolutizar)
take a look my friend - http://utopiasreais.blogs.sapo.pt/
from: hugo