20 de junho de 2008

Medidas contra a crise

As medidas que o PCP propõe para enfrentar a crise não são demagógicas e têm a virtude de tomar a forma de propostas concretas, ao contrário dos arrazoados sem conteúdo a que nos habituaram alguns políticos quando na oposição.
Ainda assim, para financiar as medidas propostas pelo PCP, não chega a criação de um imposto sobre os lucros das empresas petrolíferas.
De qualquer forma, importa reter que a suposta perda de competitividade das empresas que os liberais costumam ter prestes a explodir na boca sempre que se lhes fala em impostos sobre lucros ou transações das empresas não tem paralelo com os custos socio-económicos de uma população a definhar, deprimida e desorientada. A este respeito, a paralisação dos transportadores rodoviários foi simultaneamente um aviso e uma lição.

3 comentários:

Anónimo disse...

Resta saber que medidas proporiam se estivessem no governo...

Anónimo disse...

Curioso...
PCP vota contra declaração de satisfação pela libertação de Ingrid Betancourt. Acham que a libertação é positiva, mas não concordam que as FARC sejam uma organização terrorista. Como o rapto é um crime, se não forem terroristas pelo menos são criminosos. Curiosa bitola que intitula os raptos da CIA como "criminosos" (e que são) e os raptos das FARC como "revolucionários". É a velha história dos fins que justificam os meios... e claro, da cegueira selectiva.

ARV disse...

Essa é uma consequência normal da cumplicidade ideológica entre pares: a proximidade justifica o apoio porque é essa mesma proximidade que nos diz [ainda que não ostensivamente] que, simbolicamente, «aqueles» somos «nós».

Em contrapartida não há nada [aparentemente ou oficialmente] de ideológico em comum que una o PCP à CIA. Apesar de, teleologicamente, CIA e KGB (porque é a «secreta» mais comparável proveniente de um regime dito comunista) se assemelharem. Não na metodologia mas sim na defesa sem escrúpulos das respectivas culturas dominantes. Em nome da história de largo espectro.

Para mim, há duas formas de autodeterminação de um povo que considero legítimas: em primeiro lugar, a via diplomática assente nos princípios da democracia e do respeito pela vontade da maioria (ao contrário do que dizia Rosa Coutinho nos idos de 75); em segundo lugar, a guerra aberta, a qual não significa «guerra total».

Relativamente a este último aspecto, os problemas surgem quando a desproporção de meios bélicos é evidente. Nesse caso, aconselho maior honestidade e nobreza de carácter aos revolucionários porque o termo «guerra aberta» não se tem que reportar necessariamente à guerra no seu sentido convencional, a qual, de resto, tem as suas próprias regras.

Se uma força não age em conformidade com essas regras, se nos seus comportamentos não se distingue da «força ocupante», se não segue uma conduta exemplar nas suas realizações, nomeadamente para com os inocentes... então, que motivos tem para empreender qualquer forma de luta, se é perfeitamente igual aos «bárbaros» que combate?