24 de junho de 2008

Ao pé de Mugabe, Salazar era um menino de coro

Um governo que convida crápulas para a sua companhia e os recebe com honras de chefes de Estado, um governo que pactua com o aberto desrespeito pelos princípios democráticos (infame posição partilhada pela maioria dos países do mundo que nos habituaram a um mínimo de dignidade), ao tolerar relações com ditadores sanguinários, não tem legitimidade para exigir seja o que for em matéria de exercício da democracia e respeito pelo Estado de Direito. É que, por muito que custe a muita gente, ao pé de Mugabe, o repugnante Salazar foi um menino de coro. Lá, é tudo às claras e não se pense que a relação deste com Deus é diferente da de Salazar. Um foi retirado do poder pela acção de «Deus» e o outro já fez saber que não admite um desfecho diferente. Morgan Tsvangirai não é um Deus para o ditador mas para as suas vítimas, anda lá perto.

Enquanto um clima de repressão e terror se agrava, a comunidade internacional observa atónita, com a mesma perplexidade com que observou o Ruanda. É, também, nesse patamar de hipocrisia e lassidão que está o governo português o qual, na relação com o Zimbabwe, não tem a coragem de assumir peremptoriamente a rectidão e honra que, estou convencido, caracterizam o povo que o governo representa. Em situações como esta, é manifestamente improvável que alguém, guiado por princípios democráticos e humanistas, se reveja quer na diplomacia portuguesa quer na diplomacia europeia.

E, convém reafirmá-lo, nesta matéria a ONU é e continua a ser uma farsa.
A Morgan Tsvangirai não resta muito mais senão esperar por um apoio que não há-de chegar certamente da comunidade internacional. Essa está mais concentrada em resolver os probleminhas do seu pequeno mundo material.
Há 43 anos também Humberto Delgado acreditou que podia demitir o verme que des-governou Portugal durante 48 anos.

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