26 de março de 2009

O Leviatão partidário

Depois de nove longos meses de gestação, ainda não foi desta que saiu a nomeação política do detentor de um cargo público cuja independência política é condição e não uma meta a atingir pelos partidos políticos.

As tradicionais questiúnculas sapateirais motivadas pelos mais abjectos interesses partidários, estão na origem de mais um triste episódio protagonizado pelos partidos. Desta feita, o PSD não validou o nome de Jorge Miranda para Provedor da Justiça por uma simples questão de “princípio”: não foi um nome avançado pelo PSD. E que princípio é esse? É o princípio da ladroagem institucional, uma transposição da ética da ralé para a ética dos partidos políticos.
E como são exímios em dar distinta solenidade ao mais profundo desprezo pela democracia e pelas instituições democráticas.

Nos grandes partidos, o mal não está na ideologia quando existe nem no debate ideológico que pode daí resultar. Antes pelo contrário. Não, nestes grandes partidos o mal está na falta de qualidade de muitos dos seus dirigentes – autênticos caciques medidos em votos – e na soturna cultura organizacional que vigora.
O Leviatão de Hobbes não é, no caso português, a simples analogia do monstro com o peso de uma administração pública asfixiante mas sim a triste coincidência com a sede de domínio total dos partidos sobre a vida quotidiana. Riquezas de uns e misérias de outros, como nos advertiria Aquilino Ribeiro.

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