8 de setembro de 2009

O rendez-vous suspeito de Luís Amado



Dos britânicos já se esperava que não fizessem finca-pé por motivos éticos e valores morais: se há outros interesses mais apetecíveis, os britânicos não vêem por que não hão-de ser pragmáticos. Aconteceu em 1534 com a «extravagância» de Henrique VIII ao pretender anular o casamento para se casar em segundas núpcias com Catarina de Aragão, possivelmente uma febra muito apetitosa. A pretensão do monarca não foi satisfeita pelo Papa Clemente VII, valendo a separação da Igreja Anglicana de Roma. Aconteceu recentemente, também, com a libertação de Abdelbaset Ali Mohamed Al-Megrahi, o líbio condenado a prisão perpétua pelo atentado em Lockerbie que, em 1988, vitimou 270 pessoas. Desta vez, os interesses petrolíferos na região deverão ter sido razão suficiente para esquecer aquilo que, nesta altura, os políticos britânicos considerarão detalhes e pormenores insignificantes...

Mas do ministro dos negócios estrangeiros português, Luís Amado, confesso que esperava alguma seriedade que, de resto, tem-no caracterizado nesta sua passagem por um governo meio descabelado.

Kadhafi, líder de um regime autoritário [acusado por muitos de favorecer e financiar o terrorismo internacional e homem de um mau gosto memorável] comemorou os 40 anos do golpe de estado que transformou a Líbia numa oligarquia autoritária e popularucha de pendor monárquico.

Se a validade moral do interesse estratégico de Portugal na coutada de Kadhafi não me deixa confortável, não me lembro de nada mais adequado senão reproduzir a sentença proferida pela também socialista Ana Gomes: "a presença de Luís Amado envergonhou-nos (...) não há interesses económicos ou outros que o justifiquem".

Nestas questões não podem existir dilemas morais para o ministro nem para os portugueses! Caso contrário seria lícito aceitar o dinheiro de narcotraficantes ou de organizações terroristas para financiar programas educativos ou o equipamento de unidades de saúde. Salvar vidas com o dinheiro que resulta da matança de outras não é opção.

2 comentários:

Anónimo disse...

ai este é que é o luís amado?

Anónimo disse...

Este é realmente um dos posts com mais horrível efeito que alguma vez já se viu aqui