8 de outubro de 2009

Síndrome da mão invisível?!

No PCP, é relativamente conhecida a cultura de coesão em torno de um projecto, mobilização fervorosa dos apoiantes e a inequívoca fidelização partidária. Esta é uma representação mental que não sofre grande contestação a sul do Tejo porque, a norte, vigora o espectro da perseguição herodeana das criancinhas com laivos de canibalismo às primeiras horas da manhã.

Contudo, esse pretenso conhecimento é posto em causa por invulgares e recentes ocorrências protagonizadas por militantes em circunstâncias de particular agitação eleitoral e, consequentemente, em momentos em que a urgência de cerrar fileiras entre os arregimentados é palavra de ordem ("assim | se vê | a força do pêcê").

Se, em 40 anos de militância, Domingos Lopes conseguiu acertar em cheio na campanha eleitoral das legislativas para anunciar a sua saída do PCP, ontem foi a vez de Carvalho da Silva colorir devidamente a campanha eleitoral para as autárquicas, com o apoio expresso ao candidato socialista à Câmara Municipal de Lisboa.

Atabalhoadamente, o Secretário-geral da CGTP tratou de esclarecer que apoia António Costa mas que o seu voto vai direitinho para a CDU. Compreende-se que, para Carvalho da Silva, o voto útil em António Costa seja um bálsamo perante o cenário de ver novamente Santana Lopes à frente dos destinos da capital. Mas, nesse caso, ao fazê-lo sem a orientação clara do Comité Central e com um candidato próprio que daqui sai francamente amolgado (Rúben de Carvalho), Carvalho da Silva mais parece ter sido atacado pelo mesmo síndrome da mão invisível que deu a José Sá Fernandes.

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