5 de dezembro de 2009

Como mel na boca de um urso

A coisa não podia ser mais evocativa e admirável, caso não fosse alarmante. Jorge Lacão, o ministro dos assuntos parlamentares, decidiu contemporizar com as exigências de decência a que os titulares de cargos públicos são sujeitos pelo sarnoso povo e anunciou que o governo está disponível para «debater um código de conduta contra corrupção».

Esta afirmação não é só idiota. E nem é só risível. É também ofensiva porque escamoteia as obrigações e deveres a que todos os funcionários e titulares de cargos públicos estão adstritos e porque faz mais uma vez tábua rasa do dever de fiscalização do Estado e das competências judiciais dos tribunais.

A partir de agora é que conta, a partir de agora vamo-nos todos portar bem. O país inteiro, incluindo esses arautos exemplares da idoneidade cujos belos discursos têm normalmente pálidas consequências...

Mas, em abono da verdade deste país... para quê insistir em mais pacotes legislativos contra a corrupção se as ferramentas que há são estioladas como mel na boca de um urso?

4 comentários:

Anónimo disse...

Li a frase que colocaste no blog de André Malraux. Se nós não perdermos a vida pelos nossos ideiais...o que somos?
Se temos sonhos, se acreditamos em ideais, em pessoas, em valores, em principios, então a vida só tem sentido assim.
Luto para construir os meus sonhos e os de que gosto, torná-los concretizáveis, só assim vale a pena viver.

Anónimo disse...

A frase é de André Malraux, o blog é teu. Peço desculpa pela frase mal construida

Anónimo disse...

A carta ética da aadministração pública que tantos desconhecem deveria estar afixada em todos os locáis em que há trabalhadores do estado quaiquer que eles sejam.
Essencial não só aos trabalhadores como ao público, como forma de nos fazer lembrar a todos sobre a questão tão em desuso nos nossos dias da ÉTICA

Anónimo disse...

Não podia estar mais de acordo...

1,2,3... Agora é que é a valer!
Ah, não..., espera aí pelo Vara!

abraço,
simas