13 de fevereiro de 2010

Fumo com Fogo? (ii)

Por menos, muito menos do que todos os lamaçais em que se tem achado José Sócrates - o caso Freeport, a licenciatura, a arrogância governativa, as escutas, etc. - Santana Lopes levou um chuto no rabo. Acontece que os quatro meses que o social-democrata levou à frente do governo em 2004 não lhe permitiram a veleidade de criar raízes. O Estado parece ser colonizado por uma lógica alternativa, subterrânea, regida por normas, valores e condutas alheias aos princípios de justiça e democracia ostentados na lapela. Uma tensão entre o dever sero que é, entre o mundo à superfície e o mundo subterrâneo. Para além dos indícios de viciação das regras, da impunidade, do clientelismo, da utilização do poder em benefício próprio e da corrupção generalizada ao mais alto nível do Estado, o controlo integral de um órgão de soberania como os tribunais é inaceitável. A imagem de subserviência cretina dada pelo Presidente do Supremo Tribunal de Justiça - Noronha do Nascimento - na entrevista de quinta-feira passada a Judite de Sousa no Canal 1 da RTP, não pode suscitar outra interpretação. E um sentimento de total repulsa por suspeitarmos que, tanto o Procurador-geral da República como o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça podem não passar, afinal, de meros funcionários públicos.

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