9 de maio de 2010

O totalitarismo económico



É francamente aflitivo ver como o pilar da regulação dos estados foi colonizado pelo pilar do mercado, devendo-lhe mesmo uma subserviência alarmante. Os exemplos são inúmeros. Da crise Argentina em 2001 à afirmação do poder absoluto e discricionário das agências de rating internacionais que dispõem das economias nacionais como se não passassem de peças descartáveis de um xadrez de papelão. Saídos do pós-guerra, os estados apostaram tudo no desenvolvimento económico, sacrificando a emancipação humana ou, melhor, transformando-a em satisfação de necessidades materiais. Com isso, os estados consentiram a desregulação e hoje são reféns de um sistema, nas palavras de Boaventura Sousa Santos, fascista. Com estes sinais, as agências de rating estão a ameaçar com a ruína todos aqueles que não quiserem jogar o seu jogo. Tudo em nome da sacrossanta estabilidade dos mercados. O problema é que países como Portugal não têm muito por onde escolher. As promessas de regulação anunciadas agora pelos líderes das principais economias ocidentais têm tanto de inóquo como de manobra de diversão que apenas serve de legitimador da ordem dominante.

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