Jorge Sampaio mostrou-se surpreendido com a presumível «resistência» dos portugueses relativamente aos estrangeiros. Esta reacção acontece no seguimento de um estudo do Observatório Europeu dos Fenómenos Racistas e Xenófobos. Sampaio lamentou, afirmando o seguinte: “Fiquei um pouco triste quando li a notícia. Não estamos, de facto, muito bem classificados em matéria de tolerância”.
Admira a reacção quando estamos a falar de um homem que foi eleito directamente em sufrágio universal pelos portugueses, portanto com enormes responsabilidades e supostamente uma das pessoas melhor informadas (dentro da matriz sociológica) acerca das realidades do país.
Mas, pergunto-me eu, o que se esperaria de um país em que metade da população não sabe interpretar uma notícia de jornal, onde subsistem hábitos de higiene duvidosa como cuspir para o chão ou atirar lixo para a via pública e indiscriminadamente em qualquer local ou ocasião?
O que se pode esperar de um país onde se levantam milícias populares sem fundamentos remotamente aceitáveis, se mata o vizinho numa disputa de 5 m2 de terra?
O que se pode esperar de um país em que a tradição é confundida com resquícios autoritários, onde se mata o cão do vizinho com veneno dos ratos, para não falar de espécies selvagens protegidas, apenas por «desporto»?
O que se pode esperar de um país com uma das mais elevadas taxas de corrupção da União Europeia (à frente da Grécia, Itália e alguns dos novos membros resultantes do alargamento a Leste), em que o sistema de 1 produto-2 preços é generalizado e totalmente às claras: «Se quer recibo vou ter que lhe cobrar o IVA, não sei se me faço entender...»
O que se pode esperar de um país em que se estima para cima de 500 000 o número de alcoólicos ou que não se incomoda com a crescente morte social diagnosticada? Onde há e sempre houve portugueses de primeira e de segunda? Ou onde o período de prisões preventivas pode ultrapassar os 2 anos? E onde os médicos continuam a comportar-se como se ainda prevalecesse a norma patriarcal?
O que se pode esperar de um país que de rompante é confrontado com uma série de profissionais melhor preparados, com mais qualificações e vontade de trabalhar, que certamente colocam em causa o status quo dos autóctones, o seu modus faciendi?
O que se pode esperar de um país em que os seus próprios emigrantes nunca tiveram a humildade de reconhecer as míseras condições de existência em bairros de lata nos arredores de Paris, Geneve ou Bruxelles, nos idos de 60?
Podíamos ficar aqui eternamente. E em matéria de classificação no campeonato da tolerância, devemos ressalvar que os nossos objectivos nunca podiam passar pela conquista do título. Não parecem haver condições, falta estofo…
Admira a reacção quando estamos a falar de um homem que foi eleito directamente em sufrágio universal pelos portugueses, portanto com enormes responsabilidades e supostamente uma das pessoas melhor informadas (dentro da matriz sociológica) acerca das realidades do país.
Mas, pergunto-me eu, o que se esperaria de um país em que metade da população não sabe interpretar uma notícia de jornal, onde subsistem hábitos de higiene duvidosa como cuspir para o chão ou atirar lixo para a via pública e indiscriminadamente em qualquer local ou ocasião?
O que se pode esperar de um país onde se levantam milícias populares sem fundamentos remotamente aceitáveis, se mata o vizinho numa disputa de 5 m2 de terra?
O que se pode esperar de um país em que a tradição é confundida com resquícios autoritários, onde se mata o cão do vizinho com veneno dos ratos, para não falar de espécies selvagens protegidas, apenas por «desporto»?
O que se pode esperar de um país com uma das mais elevadas taxas de corrupção da União Europeia (à frente da Grécia, Itália e alguns dos novos membros resultantes do alargamento a Leste), em que o sistema de 1 produto-2 preços é generalizado e totalmente às claras: «Se quer recibo vou ter que lhe cobrar o IVA, não sei se me faço entender...»
O que se pode esperar de um país em que se estima para cima de 500 000 o número de alcoólicos ou que não se incomoda com a crescente morte social diagnosticada? Onde há e sempre houve portugueses de primeira e de segunda? Ou onde o período de prisões preventivas pode ultrapassar os 2 anos? E onde os médicos continuam a comportar-se como se ainda prevalecesse a norma patriarcal?
O que se pode esperar de um país que de rompante é confrontado com uma série de profissionais melhor preparados, com mais qualificações e vontade de trabalhar, que certamente colocam em causa o status quo dos autóctones, o seu modus faciendi?
O que se pode esperar de um país em que os seus próprios emigrantes nunca tiveram a humildade de reconhecer as míseras condições de existência em bairros de lata nos arredores de Paris, Geneve ou Bruxelles, nos idos de 60?
Podíamos ficar aqui eternamente. E em matéria de classificação no campeonato da tolerância, devemos ressalvar que os nossos objectivos nunca podiam passar pela conquista do título. Não parecem haver condições, falta estofo…
Finalmente, admiram também as «oportunas» tiradas de Sampaio sempre que acontece algo de novo na sua vida, como se fosse uma vela triangular à bolina.
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