11 de junho de 2006

«Você sabe com quem está a falar? Porque aqui, quem manda, sou eu!»

Estas coisas de dar bons exemplos e modelos de comportamento ao povo, quadros de referência para os de baixo seguirem, pode ser uma tarefa muito árdua. Isso da coerência não é assim dado de um pé prá mão.

Ontem foi inaugurado o Centro Cultural de Redondo. Lá estavam os notáveis e os outros. Os primeiros nas filas dianteiras do Auditório, os segundos, distribuídos pelos lugares que restavam. O espectáculo era um clássico, para eruditos, diz-se. E talvez fosse, caso alguns dos lugares das primeiras filas não tivessem sido preenchidos. Dois, em particular, alinhados lado a lado na primeira fila. A fila VIP.

Porque enquanto os bailarinos do Ballet Nacional da Moldávia evoluíam no palco ao som de Pyotr Tchaikovsky interpretando O Lago dos Cisnes» as duas criaturas estabeleceram uma relação obsessiva e alienada com os respectivos telemóveis. Talvez fosse a novidade inerente aos avanços tecnológicos em matéria de captação de imagem, não obstante o inevitável aviso da Organização, alertando para a não utilização de telemóveis e proibindo expressamente a recolha de imagens. Dois actos e meio, entretidos a fazer fotos das coxas das bailarinas e, quem sabe, do baixo-ventre dos portentosos bailarinos…

Para além da desconsideração pelos alertas da Organização, denota-se uma falta de respeito pelos artistas, pelos restantes espectadores e acima de tudo, a sobranceira irresponsabilidade, característica desta classe de gente.

As duas criaturas eram, nada mais e nada menos do que, a Governadora Civil do Distrito de Évora e o Delegado Regional de Cultura. Portanto, personalidades com responsabilidades específicas na imagem do Governo e na dignificação da cultura.
Ora, quando criaturas deste estatuto não demonstram uma conduta que se coadune com o mesmo, qual a legitimidade para exigir do povinho seja o que seja?

Estes são apenas dois exemplos (com particular gravidade a conduta do segundo indivíduo) mas que têm expressão no resto do país. São estes alguns dos nossos «líderes», cujas lacunas são disfarçadas com discursos frugais, inócuos e desconexos. Pessoas que se fazem confundir com as instituições a que presidem ou dirigem, assentando algumas das suas decisões nas suas próprias preferências e gostos individuais, sem amplitude estratégica. Sem respeito pelas especificidades e sensibilidades locais. Mas esse registo já não nos é estranho há muito, muito tempo...

4 comentários:

ARV disse...

PS II: Após uma troca de impressões com o elemento que teve a «ousadia» de repreender a Governadora Civil, vimos a saber que a Dona Fernanda Ramos ainda «puxou dos galões» antes de pousar o telemóvel, com a seguinte interrogação: «Você sabe por acaso quem sou eu?».

Felizmente, o elemento que agenciou o espectáculo ainda teve sentido de humor para brincar posteriormente com tamanha afronta e sobranceria.

Anónimo disse...

É O MÁXIMO!! Um abraço. PN

NachtEldar disse...

Desse anátema humano(?)denominado Fernanda Ramos (que já tive o prazer de vilipendiar publicamente e por escrito no já inexistente Fórum da Sociedade Harmonia Eborense)não se pode esperar mais... Eu diria que a besta até se comportou...

Um abraço, ARV. Aparece no Consulado.

Anónimo disse...

A dama é alguém ...