9 de novembro de 2007

Imaginações

Imagine que no caminho de casa, regressado das longas filas do IRS, o insigne leitor se deparava com três transeuntes que, com modos pouco cordatos, o convidavam a oferecer-lhes gentilmente a sua própria carteira, abençoado por estalos, bofetadas, um ou dois pontapés nas carnes e um dente estilhaçado. Por casualidade, mera, passava a banda de música em peso que assistira ao insólito acontecimento sem nada poder fazer senão tocar uma morna caboverdeana.

Acto contínuo, o senhor leitor mais a banda cumprem civicamente com os direitos e deveres, respectivamente, dando conta do sucedido às autoridades competentes, as quais, num registo Hill Street, lançam-se apaixonadamente no encalço dos meliantes, sulcando o empedrado com os derrapanços dos esforçados Fiat Marea.

Imagine também que, após a recuperação da estimada e inviolada carteira, lhe chega uma factura da polícia com o descritivo da despesa. Tudo ali, tintim por tintim, incluído o valor de cada tabefe disciplinador aplicado pelos senhores agentes aos mariolas detidos.

Imagine agora finalmente, a cara de alguns armadores portugueses, cujas tripulações foram resgatadas pela Força Aérea Portuguesa, no momento em que verificaram ser devedores ao Estado por operações de salvamento em alto mar. Taqueospariu, como diz o outro...

1 comentário:

NV disse...

Imagino que os armadores não fazem descontos para o estado?
Imagino que a força aérea é uma nova empresa privada de resgate?
Imagino a frase "ou pagas ou morres?"
Imagino que nem dá para descontar no IRS?
Este país é um Imaginário.